segunda-feira, 12 de maio de 2008

Minhas Vidas

Vivo semanas de cada vez. Duas vidas que me aguardam. Dois mundos distintos com todas as suas tramas próprias e peculiaridades particulares. São sempre mundos muito simples e comuns a distância, mas quando eu me aproximo...

Duas vidas que eu vivo, tão bonitas, tão cruéis. É como viver flashes intermináveis; quando chega a hora uma vida pára e a outra recomeça, como um filme que mostra, nos intervalos, outro filme. Uma aventura e um drama. Uma aventura dramática que eu não entendi ainda.

São duas casas. São duas vidas. Duas geladeiras com comidas diferentes. Algo que acaba no domingo e recomeça só na sexta. Coisas que eu começo a pensar no domingo e acabo só na sexta. São manias diferentes. São camas e travesseiros que me confortam melhor ou pior. São roupas que eu deixo e retomo sempre. São carências, são excessos... São formas de viver.

São saudades... Sobretudo É saudade. Saudade de cá quando estou lá, e de lá quando estou cá. É desejo de inocência, é saudade de criança. É quando a gente começa a se sentir velho e pensar mais nas coisas que já fez.

Quando é que a gente cresce e abandona para sempre a inocência? Gostaria de ser mais uma vez criança. Não!... Não para fazer as coisas que eu não fiz ou recuperar qualquer tempo perdido, voltar assim seria muito fácil, sem sentido e muito sem graça!!! Só queria sentir mais uma vez o gosto de comer bala como criança... Sentir o ar entrando, fresquinho, nos pulmões ofegantes do pega-pega no recreio... Dançar quadrilha com aquele menino tão bonito que eu nunca mais vi... E outras tantas coisas que eu já fiz e não faço mais. Não que seja triste crescer, mas é tão doído separar a alma do passado. É tão confuso sentir...

E agora eu continuo vivendo trechos de cada vez, talvez sem viver nenhum. De tanto viver talvez eu nem viva, eu só passe pelos lugares para tomar uma cerveja e dizer um oi, nada mais. Quem sabe... Quem sabe? Eu não.