sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bem

E mais uma vez nos colocamos de frente para esta casa, que não tem teto, não tem nada. Essa relação forçada que nos encontramos, vazia, inexistente de razão e qualquer tipo de relacionamento.
-Se não faz sentido então cala a boca.
Seria mais fácil dizer.  Seria mais fácil extrapolar o ritmo e a dinâmica a qual nos forçamos viver. Talvez fosse menos lógico, menos ortodoxo, tradicional. Mas talvez seria mais autêntico e mais viril.
Mas talvez também não fosse nada. Só mais um monte de pó para os tantos que colecionamos. Mais um ponto vazio, mais um negativo para se acrescentar.
-Mas toda experiência não é válida?
E toda a insanidade é loucura? Não meu bem, talvez não devêssemos divagar tanto e tanto. Usar as mesmas palavras para as velhas mentiras. Não! Tenta criar um algo novo pra acreditar. Para de usar as mesmas expressões que estão te cansando.
-Talvez eu devesse ler outros livros, sentir outros ares, outras inspirações...
Que lhe fariam voltar para a mesma redundância que estamos agora. O consumo do invisível. A digestão das ideias já passadas.
-Você fez aquela promessa? Pintou aquele retrato?
Seus planos, sua invenção, seu retrato, era uma figura?, não importa... Você não fez. Você não acreditou que o amanhã não existe e o amanhã nunca chegou. E agora, perto do fim, o que se espera é a realização dos momentos não vividos e das horas não compartilhadas.
-Para de ridicularizar.
O ridículo quem sabe seja nosso momento de revelação, um pico de verdade. Uma hora que a gente se distrai e mostra o que queria esconder. Como aquele breve momento em que a pouca conexão não existiu. Você já falou sobre silêncio e eu não consegui calar.
Paradoxos. Não é questão de incoerência, só estou repleta de paradoxos.
 
 

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